quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Liberdade

Agita o compasso menino que o mundo girou 360 graus do ano passado pra cá.

O mundo girou e eu fiquei no lugar, pensando que nada havia mudado, mas tudo andou ao contrário, e eu vou ter que me adaptar.

A mãe sempre dizia pra ficar esperto com o ladrão na rua, com as pessoas ruins, e eu sempre olhava pro alto buscando algum passarinho.

Ô mãe, não se preocupa comigo não, eu ando no meu passo estranho e às vezes na contra mão, mas as coisas vão do jeito que são, e eu só preciso ficar de olho arregalado pra tudo a minha volta, tentando ver o invisível, pra quem sabe um dia se uma maçã caia na cabeça e eu ter uma idéia fantástica, eu consiga arrumar o errado e fazer tudo andar.

Meu maior sonho de menino era ser ventríloquo, fazer um boneco falar, aí o mundo deu voltas e as juntas do joelho começaram a fazer barulho de crescer, desaprendi a ser criança num piscar de olhos, e eu comecei a me preocupar.

Ô preocupação mais chata, umas contas pra pagar, medos para guardar numa caixinha, não saio de casa sozinho depois das 23:00, com receio de nunca mais voltar. Esse ano vai ter eleição, mas vai saber se a minha vida vai mudar.

Até sinto saudades da despreocupação, menino é bicho solto, tem sempre um anjo da guarda na cola, mas aqui nessa cidadezona nem os meninos estão a despreocupar. É curso de inglês, escola e namoradas. E a velha pipa? A essa foi trocada pelo celular. É muito siso e pouco riso.

Quero andar descalço e comer amora direta do pé. Quero gritar liberdade, sentar na vaidade e pouco me importar pelo fato de eu ter xulé. Quero me organizar para se algum dia precisar desorganizar. Quero invocar Vinicius e ser cortês sem cortesia, doce e conciliador sem covardia e quem sabe algum dia ganhar dinheiro com poesia.

No lápis: Guilherme
Na Caneta: Pedrinho