terça-feira, 22 de abril de 2008

Quinta-Feira.

Era tarde, fazia frio, como toda quinta-feira corriqueira. Mais uma vez, lá vinha ele com aquele andar firme e passos largos. Abriu a porta, olhou para os lados e entrou rapidamente como se a própria sombra não fosse bem vinda. Era assim, todo quinto dia de cada mês, incessantemente. Durante o dia, não existia indício de movimentação ou qualquer sinal de atividade dentro daquele apartamento, apenas que as luzes da lavanderia ficavam acessas toda noite, até o chegar da alvorada.

Porem, toda quinta-feira, sem excessões as luzes da cozinha é que ficavam acessas, sempre até as três ou quatro horas da madrugada, em seguida, voltava-se ao mesmo ritual das noites anteriores: luzes na lavanderia. O sujeito tinha as costas largas, barba e cabelo sempre muito bem aparados e terno de linho muito nobre, alta costura, de alfaiate próprio, sob-medida, absoluta certeza. Nunca deu bom dia, sequer um olá, muito menos um sorriso no rosto, sempre apressado com a pasta e o jornal sob o braço para apanhar o táxi que o esperava pontualmente as oito e quinze.

Mas o sujeito anda sumido, aproximadamente a duas semanas. Aliás, hoje é quinta do tríduo sacro, quem diria que alguem lembraria ?
hum, tem alguem batendo na porta.

3 comentários:

. disse...

obrigado por esta linda anedota

Wilhelm Förster disse...

Belo, clássico. Jovial

FRANCISCO GUSSO disse...

qume é pretérito?